03/04/2014
AGROMS aborda mercado pecuário e Código Florestal
Um grande evento foi promovido na Casa Rural no mês de junho. Trata-se do Panorama AgroMS, que contou com uma importante reunião entre as lideranças de sindicatos rurais de Mato Grosso do Sul e ainda fechou com duas palestras que envolveram o público. A primeira “Um novo Código Florestal e suas implicações para o produtor rural”, ministrada pela advogada e consultora jurídica para assuntos ambientais da Frente Parlamentar da Agropecuária, Samanta Pineda e, também, “Mercado da pecuária de corte e seus desafios”, por Alcides Torres, engenheiro agrônomo presidente da Scot Consultoria.
Na abertura de sua palestra, Samanta fez a contextualização do Código Florestal brasileiro desde 1934, durante a era Getúlio Vargas, com decreto 23.793 que permitia a derrubada de ¾ da mata existente na propriedade rural. Posteriormente, recebeu uma primeira alteração em 1965, com a lei 4.771 que garantia a reserva legal de 20% a 50% na floresta na propriedade.
“Foi em 1989, durante o governo de José Sarney, que aconteceram as mudanças mais profundas, no que diz respeito à reserva legal. Uma mudança que pode parecer pequena, mas que fez toda a diferença, a alteração mudou o termo de reserva legal ‘na’ propriedade para ‘da’ propriedade. O que trouxe muito impacto até os dias de hoje”, afirmou Samanta Pineda.
Para a palestrante um dos temas mais importantes do Novo Código Florestal é o CAR – Cadastro Ambiental Rural. O CAR será fundamental para os agricultores que necessitarem de empréstimos voltados à proteção e restauração de florestas, entre outros fatores. “Também, vai possibilitar a compensação, reflorestamento, caso em uma determinada área não haja mais condições, desde que seja o mesmo bioma”, declarou.
Em resumo, Samanta destacou que o produtor rural precisa estar muito atento e concentrado nas questões ligadas ao Código Florestal Brasileiro. “A produção rural brasileira enfrentou uma situação de pressão bastante complicada com a atuação dos ambientalistas durante o processo de votação, que exerceram forte influência. Foi a mobilização do produtor rural que fez com que a situação ficasse no atual texto do Código, com preocupação com o meio ambiente, mas sem esquecer da necessidade de se produzir”, afirmou Samanta.
Durante sua palestra Alcides Torres falou sobre o mercado da carne e seus desafios. Para ele um dos principais dilemas da pecuária de corte brasileira é a questão do relacionamento entre os elos da cadeia de produção, o maior conhecimento dos custos de produção, de ferramentas de mercado e, também, da concentração no setor da indústria.
Torres afirmou que conhecer melhor o processo histórico da cadeia produtiva da carne bovina é essencial para o entendimento dos fatores que a cercam. “Atualmente vivemos a realidade da concentração da indústria, de maneira bastante profunda, abrangente. Entretanto, que vem acompanhando o que acontece na cadeia, sabe, há alguns anos, que existia um posicionamento no mercado que traria condições favoráveis para que isso acontecesse. Fator que traz grande preocupação para o produtor rural, principalmente”, disse o palestrante sem esquecer-se de citar o elo do comércio varejista, concentrado nos grandes centros do mundo.
Entretanto, Torres destacou que o processo de concentração acelerada começou em 2008, com a crise global, o que trouxe um limitante severo nas possibilidades e opções de venda dos pecuaristas em muitas regiões da pecuária brasileira. “Os resultados sentimos até hoje, muitas empresas não estavam estruturadas ou ainda estavam em execução de plano de expansão, o final já conhecemos”, declarou.
Para o palestrante, o produtor rural precisa se manter hábil nas questões ligadas à gestão, comercialização e custos de produção. “O profissionalismo na condução da atividade pecuária já é presente e vai encorpar com o tempo, por isso, há uma necessidade clara de buscar informações e aplicar no campo de produção”, disse
Fonte: Sindicato Rural de Campo Grande -MS